Nesta quarta-feira (30/04), as interconexões entre resíduos urbanos e a produção rural serão evidenciadas através de uma parceria entre o Sesc em Santa Catarina e a Rede Ecovida de Agroecologia. Trata-se da doação de composto orgânico, produzido a partir das sobras de três restaurantes do Sesc na Grande Florianópolis, para um grupo de agricultores orgânicos do Núcleo Litoral Catarinense da Rede. O Sesc possui pátios de compostagem em Blumenau, Florianópolis e Lages, para o descarte ecológico dos resíduos orgânicos gerados pelos seus restaurantes nas cidades. Desde 2012, a instituição vem fazendo o manejo dos resíduos orgânicos nestas unidades. A iniciativa vai ao encontro da atual Política Nacional de Resíduos Sólidos, que proíbe, a partir deste ano, a abertura de novos “lixões”, e amplia as responsabilidades dos grandes geradores quanto à destinação e tratamento de seus resíduos. A compostagem, um método controlado de degradação da matéria orgânica que a converte em adubo, é uma das ferramentas indicadas pela Política para os resíduos gerados na cadeia da alimentação, que compreendem mais da metade, em peso, de todos os resíduos domésticos urbanos. Articulando a doação deste adubo para os agricultores da região da Grande Florianópolis, a iniciativa empreendida pelo Sesc cria laços solidários e redefine o fluxo de energia entre o rural e o urbano. Num ciclo virtuoso, o que seria transformado em mais demanda para os aterros sanitários retorna ao campo, de onde foi gerado, como um rico e fundamental insumo para a produção agroecológica. Oportuniza-se, ainda, uma maior adequação às normas nacionais de produção orgânica, já que insumos comumente utilizados, como as “camas de aviário” (excrementos da produção de aves), passam a ter uma maior restrição de uso conforme regulamentação implementada pelo Ministério da Agricultura. Inicialmente, o excedente de adubo produzido no Hotel Sesc Cacupé será transferido a agricultores de Itapema, Leoberto Leal, Major Gercino, Nova Trento, Imbuia e Garopaba. Cada grupo de agricultores terá o custo apenas do transporte e da remoção do produto com uma retroescavadeira. A retirada inicia-se a partir das 8 horas da manhã de quarta (30/04), no Hotel Sesc Cacupé, e será acompanhada por técnicos ambientais do Sesc, agricultores, secretários de agricultura de 2 dos municípios envolvidos e técnicos do Cepagro, organização parceira na instalação dos pátios de compostagem e que também articula os grupos de produção orgânica na Grande Florianópolis, da produção à comercialização. Desde que passou a fazer parte da rotina da entidade, o tema da reciclagem de resíduos orgânicos passou a ter foco permanente, a exemplo das Mostras de Compostagem itinerantes realizadas em vários municípios de Santa Catarina. Com este novo elo estabelecido entre o rural e o urbano, novas agendas foram criadas, como os eventos da Semana do Alimento Orgânico que acontece no final do mês de maio, onde o Sesc vai protagonizar discussões sobre alimentação saudável, ações ambientais e as possibilidades de aquisição de alimentos dos agricultores que receberão o adubo da entidade. + sobre o Projeto Manejo de Resíduos Orgânicos Além de sensibilizar sobre a importância da reciclagem orgânica para a transformação em composto orgânico, o projeto possibilita reflexões acerca do consumo consciente e aborda as tecnologias sociais voltadas ao meio ambiente. O projeto foi contemplado com o Troféu Onda Verde, do 20º Prêmio Expressão de Ecologia na categoria Gestão Ambiental e contou com importantes resultados em 2013:
- Manejo de 25 toneladas de resíduo orgânico compostado, por mês, referente aos três pátios de compostagem;
- Produção de 60 toneladas de composto orgânico no ano de 2013 nos três pátios de compostagem;
- Não disponibilização de resíduos orgânicos para coleta das prefeituras;
- Produção de fertilizante natural – biofertilizantes;
- Correto destino para podas das árvores, gravetos, grama produzidos;
- Redução na compra de sacos plásticos para lixeiras, orçados em R$ 420,00 mensais, por Unidade;
- Economia na compra de adubação química no valor de R$ 4.000,00 anuais por Unidade;
- Melhoria no ambiente de produção dos restaurantes;
- Diminuição dos impactos ambientais;
- Criação de hortas orgânicas.
