Projeto Territórios de Memória e Patrimônio chega a 3ª edição
O Museu de Florianópolis, dando continuidade às ações de valorização da memória afro-brasileira, realiza a terceira edição do projeto "Territórios de Memória e Patrimônio" no Quilombo Vidal Martins, o primeiro quilombo urbano oficialmente reconhecido em Florianópolis. Com o objetivo de promover uma reflexão crítica sobre memória e cidadania, o projeto visa ampliar o entendimento sobre o patrimônio cultural brasileiro, destacando o papel das comunidades locais na preservação de suas histórias.
Uma das principais iniciativas do projeto são as oficinas de fotografia, focadas na representação do patrimônio cultural a partir da perspectiva da própria comunidade. Essa ação não apenas fomenta a expressão artística, mas também permite uma análise sobre memória, pertencimento e identidade. Os moradores são incentivados a capturar imagens que retratem o cotidiano e os elementos culturais de seu território, abordando temas como resistência e raízes históricas.
A etapa final do projeto será marcada pela produção de um curta-documentário que abordará a história viva do Quilombo Vidal Martins. Com participação ativa dos moradores, o documentário trará relatos sobre a formação do quilombo e seu papel no cenário atual de Florianópolis, destacando como a comunidade preserva suas tradições e enfrenta desafios contemporâneos.
Cristina Maria Dalla Nora, museóloga do Museu de Florianópolis Sesc, explicou onde as produções do projeto serão expostas . “As fotografias resultantes das oficinas serão exibidas em uma mostra itinerante, que circulará tanto pelo Museu de Florianópolis quanto pelo próprio Quilombo Vidal Martins”, destacou.
A técnica de atividades do Museu de Florianópolis Sesc, Anna Julia Borges Serafim, ressaltou que a produção audiovisual será lançada no Museu. "O projeto sempre teve os lançamentos dos curtas aqui no Museu. Neste ano será mais especial pois essa iniciativa fará parte da programação de 3 anos", falou.
A fotógrafa Carolina Arruda, uma das responsáveis pelas oficinas, enfatizou a importância do projeto. “A fotografia não é apenas uma ferramenta de expressão, mas um meio de preservar nossa memória coletiva. É um ato de resistência, um registro necessário de um território cuja história, sem o olhar dos moradores, poderia se perder”, afirmou. Para ela, a ação fortalece o compromisso da comunidade com a preservação de suas raízes e reforça o papel do quilombo como espaço de resistência e identidade.
Carolina também destacou que o projeto é construído por diversas mãos. “O Museu nos oferece um apoio fundamental, e contamos também com o fotógrafo e pesquisador de patrimônio, Artur Hugo da Rosa, além da monitora Amanda Ramos”, comentou. “A Dona Jucélia, uma das griôs do Quilombo, sempre fala do abraço inteiro, que não vale abraçar "pela metade", e o projeto faz isso, nos convida a abraçar histórias, memórias e fotografias por inteiro. Estamos muito felizes de participar do projeto!", falou.