
Pensar de modo sustentável sugere mudança de comportamento e atitudes. Repensar nosso modo de viver e de produzir estabelece um caminho possível e viável em busca do desenvolvimento sustentável. E é nesse espírito que a unidade do SESC Ler Tijucas sai na frente, montando sua horta escolar do Ensino Infantil.
De onde veio a iniciativa? No começo das aulas na unidade de Tijucas, as crianças brincavam ao ar livre no terreno atrás da unidade, chamado Espaço Mundo Verde, que possuía apenas areia e árvores. Percebeu-se que estava faltando um aproveitamento mais adequado e dinâmico do espaço, que poderia possibilitar outras abordagens para com os alunos. Então em março-abril de 2012 os alunos, juntamente com as professoras e estagiárias, botaram as mãos na massa para fazerem a horta escolar. Montagem dos canteiros com as crianças Crianças e professores fizeram canteiros para as hortas. Cada turma da Educação Infantil simbolizou com garrafas PET os canteiros com o formato do símbolo da turma, tingindo a água de dentro da garrafa com a cor conveniente com o símbolo. A turma Ciranda fez um canteiro em formato de círculo com garrafas alaranjadas. O grupo Bolinha fez um coração com garrafas em vermelho. As turmas Joaninha e Abelhinha fizeram uma maçã. A turma Arco-Íris montou uma cenoura. Cada criança plantou pelo menos uma muda no canteiro de sua turma, e cada turma cuida constantemente do canteiro. A Turma Natureza (alunos de 3 e 4 anos) fez um canteiro no formato de uma árvore simbolizando o nome da turma. Entre outras hortaliças, plantaram alface, que foi uma das primeiras a crescer e ser colhida. No dia 15/08 após a colheita, cada criança da turma levou um pé de alface para casa para compartilhar a experiência e degustar com a família. Alguns depoimentos dos pais:“A Júlia Cristina ficou muito feliz e empolgada para comer a alface, sendo que a mesma não gosta de saladas. Ela repetia em todo momento da refeição: Fui eu que plantei.” Jean - pai da Júlia Cristina “Foi uma experiência muito boa. Todos gostaram, ele principalmente. Muito bom!” Terezinha – mãe do GabrielSegundo Berenice SantAnna Cota, técnica de Educação Infantil da unidade de Tijucas, “quando as pessoas se envolvem a atividade faz mais sentido.” Ela relatou o envolvimento dos pais do aluno Arthur Camargo, 4 anos, que foram no sábado até a unidade para levar adubo e ajudar na preparação da terra para o plantio feito pelas crianças. Esta atitude mostra o envolvimento das famílias, a participação na vida escolar dos filhos e no cuidado com o ambiente Pode-se perceber que, durante o processo de organização de uma horta, os alunos demonstram sua sensibilidade no restabelecimento de um contato maior do ser humano com o que está vivo e toma ciência de alguns de seus deveres na produção e descarte dos resíduos gerados. Nesta compreensão de atitudes e mudança de comportamento, o aluno vai adquirindo paciência, persistência e reestruturando suas relações de convívio com o meio ambiente e seus semelhantes. [gallery link="file" columns="5" orderby="rand"] Curso e prática com os professores Após a confecção dos canteiros com as crianças, foi observada a necessidade de uma cooperação técnica específica para aliar conhecimento acadêmico ao conhecimento tácito das pessoas envolvidas, e assim promover tecnologias sociais de baixo custo. Assim, foi feito um Curso de Agricultura Urbana, Agroecologia e Hortas Escolares, ministrado pelo Engenheiro Agrônomo Marcos José de Abreu, coordenador urbano do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo – CEPAGRO. O curso de 20 horas foi dado para as educadoras do SESC e outras do município. Na parte teórica foi abordada a agroecologia, princípios de adubação orgânica, métodos naturais de plantio e características das espécies. Foi feito uma saída de campo para visitar duas unidades escolares e a Revolução dos Baldinhos no bairro Monte Cristo. Além disso, foi visto um filme sobre agroecologia sobre o trabalho feito em escolas do interior do estado. Na parte prática foram utilizados quatro canteiros para experimentar diferentes métodos de plantio: com palha, sem palha, semeando e transplantando mudas. Foram feitas uma espiral de ervas, uma mandala, uma horta suspensa e uma composteira. Ao final, algumas instrutoras levaram uma garrafa com salsinha, cebolinha, etc. Os professores adoraram a experiência e confessaram que, se pudessem, gostariam de fazer mais 20 horas de curso para aprofundar mais ainda todas as temáticas envolvidas no processo. Ressaltaram ainda o interesse de estender esta prática de Hortas Escolares na rede de ensino dos municípios. Nas sextas-feiras, uma turma da Educação Infantil é responsável por pegar os alimentos da cozinha e depositar na composteira. Antes nem sequer se separavam os alimentos da cozinha. O cultivo de hortaliças e ervas estimula o consumo consciente, o reaproveitamento de resíduos orgânicos e a recuperação de áreas degradadas das cidades. Hortas em pequenos espaços produzem rapidamente verduras, legumes e temperos que podem enriquecer a alimentação de muitas famílias ou ambientes escolares. Sabemos que o trabalho na horta resgata nas pessoas envolvidas o afeto, a sensibilidade, a cooperação, pois as mesmas estão mais sensíveis ao ambiente em que vivem e conseguem perceber que nada é impossível de realizar. Por: Thais Alemany Soares