Arte da Palavra transforma vidas em jornada literária pelo estado

Jornada literária pelo estado

De Araranguá a Chapecó, passando por Lages, Joinville e Florianópolis, o Arte da Palavra – Rede Sesc de Leituras deixou rastros de emoção e escuta em uma jornada literária. Foram oficinas, debates e encontros literários que impactaram mais de 1.900 pessoas, abrindo espaço para a sensibilidade, descobertas e reencontros com a própria voz.

Ao longo das atividades realizadas no mês de setembro, cinco escritores percorreram o estado conduzindo oficinas do Circuito de Criação Literária: Jô Freitas (SP) em Araranguá, Sinana Rúbia (RJ) em Chapecó, Carina Luf (RS) em Joinville, Natasha Tinet (PR) em Lages, e Alysson Pangulim (PI) em Florianópolis.

Na capital, além da oficina com Alysson, o público composto por alunos do Estadual de Educação de SC, também acompanhou uma apresentação artística de MC Anarandá (MA),  no Circuito Oralidades, destacando a força das manifestações orais na literatura brasileira. A programação contou ainda com um debate literário entre os autores Mazinho Souza (GO) e Stéfanie Sande (MT), pelo Circuito de Autores, no Sesc Prainha.

“Obrigada pela oportunidade, eu nem sabia que gostava de escrever e agora descobri que tenho talento.” — depoimento de aluno do Instituto Estadual de Educação de SC, após participar da oficina com Alysson Pangulim (PI), em Florianópolis

Esse sentimento de descoberta, expresso com tamanha espontaneidade por um jovem participante, resume com precisão o impacto do projeto no estado: oportunizar vivências, incentivar o contato com a arte e a literatura e, acima de tudo, fazer a diferença na vida das pessoas.

Araranguá: onde a poesia abriu portas interiores

Um dos exemplos mais marcantes veio de Araranguá, onde a escritora Jô Freitas conduziu oficinas de escrita criativa com foco em poesia, slam, sarau e spoken word. Através de uma condução sensível, acolhedora e inspiradora, Jô criou um espaço seguro onde cada pessoa pôde se reconectar com sua própria voz, acessar memórias afetivas e redescobrir a potência da palavra como forma de expressão, cura e encontro.

Com atividades criativas e dinâmicas, a oficina despertou sentimentos, resgatou histórias e fortaleceu vínculos, mostrando que a poesia está ao alcance de todos, não como algo distante ou inacessível, mas como parte viva do cotidiano. Muitos participantes relataram reencontrar inspirações esquecidas, superar bloqueios e sair mais confiantes, leves e motivados a continuar escrevendo. Foi mais do que um curso: foi uma vivência poética que deixou marcas positivas, emocionou e transformou vidas.

“A poesia abriu um espaço dentro de mim para sentir, refletir e expressar sentimentos que muitas vezes ficam guardados no silêncio”, declarou Luciana Gonçalves Mina, coordenadora da Educação Escolar Quilombola do município.

Luciana reforça o quanto essa experiência foi transformadora. "Descobri que escrever versos não é apenas juntar palavras, mas dar voz àquilo que nos habita: memórias, sonhos, dores e alegrias. A oficina me ensinou a olhar para o cotidiano com mais sensibilidade, enxergando poesia nos pequenos detalhes da vida. Além disso, foi um momento de encontro comigo mesma e com os outros, onde cada poema compartilhado se tornou uma ponte de afeto e de escuta. A poesia me trouxe liberdade, coragem para me expressar e uma nova forma de compreender a mim e ao mundo. Sinto que saí dessa experiência mais leve, inspirada e com vontade de continuar escrevendo e permitindo que a palavra seja também caminho de cura e de transformação", conta Luciana.

Para muitos, a oficina não só reacendeu a paixão pela escrita, como despertou um novo olhar sobre si mesmos e sobre o cotidiano.

“Me senti motivado, desafiado e animado. A oficina contribuiu para o meu desenvolvimento poético e literário de uma forma leve e cativante. Para mim, foi um momento significativo porque nunca tinha olhado a poesia de maneira tão profunda", contou o participante Silas dos Santos da Silva.

A oficina gerou memórias, conhecimento e oportunizou o desenvolvimento e a participação de todos. 

“Durante os encontros pude me sentir acolhida e motivada a explorar sentimentos e ideias através das palavras. A oficina contribuiu não apenas para ampliar meu olhar sobre a poesia, mas também para fortalecer minha expressão e criatividade. Saio dessa experiência com mais confiança, inspiração e gratidão", destacou a participante Janaina Machado Tomaz.

Mesmo aqueles que haviam se distanciado da escrita puderam reencontrar nela uma aliada. Jheniffer Camite, por exemplo, relatou a emoção do reencontro com uma parte esquecida de si.

“A oficina me trouxe uma sensação de angústia e satisfação ao mesmo tempo.  Angústia, pois fazia muito tempo que eu não parava para escrever algo.  Satisfação por saber que esse pedaço ainda existe."

 Jheniffer explica que tinha o hábito de escrever, mas no decorrer da vida foi perdendo a habilidade. "No momento de criar uma nova história, senti a uma dificuldade por me expressar nas palavras. Mas com as atividades propostas, com o vínculo com a mediadora e sua didática sensacional, foi possível recuperar a inspiração. 

O professor de ciências humanas na E.E Quilombola Maria Rosalina, Diego Acordi, também destaca sua experiência:

"Foi uma experiência incrível e muito sensorial, com práticas que despertaram muitas lembranças positivas e transformaram o momento em um aprendizado leve e cheio de significado."

Palavras que reverberam

O projeto promovido nacionalmente pelo Sesc reafirma seu propósito: incentivar a produção literária, formar novos leitores, valorizar a diversidade de vozes e democratizar o acesso à literatura em todas as suas formas. Em Santa Catarina, o resultado foi uma rede de afetos e palavras que agora seguem reverberando nos cadernos, nas vozes e nas memórias de quem participou.

O legado do Arte da Palavra é vivo. Ele segue nas histórias que agora pedem para ser contadas, nos textos que nasceram das oficinas e nos olhos de quem descobriu, talvez pela primeira vez, o que a literatura pode revelar sobre o mundo e sobre si mesmo.

E é justamente isso que o projeto planta: a certeza de que todos temos algo a dizer, e que a palavra, quando acessível, tem o poder de abrir caminhos, curar silêncios e transformar vidas!

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