Pensar o cinema negro em Santa Catarina é um gesto de tenacidade. Num estado marcado por uma história de apagamento e por uma identidade construída sobre a ideia de branquitude, fazer e exibir filmes negros é afirmar presenças que por muito tempo foram silenciadas. A Mostra de Cinema Negro Catarinense nasce desse impulso: o de reconhecer, valorizar, apoiar e celebrar as múltiplas vozes negras que produzem, imaginam e transformam o audiovisual no estado. Mais do que um recorte temático, esta curadoria é um convite a ver o tempo: passado, presente e futuro, a partir das vivências, memórias e potências da negritude.
A primeira sessão, no dia 06/11, volta seu olhar ao passado e à ancestralidade. Apresenta filmes dedicados às histórias e memórias que sustentam a presença negra em nosso território. São obras que evocam o passado como guia e força vital, mas também como lembrança das marcas deixadas pela história, transformando a memória em gesto de reconhecimento e reconstrução.
Na segunda sessão, no dia 13/11, voltamo-nos para o futuro, mas um futuro imaginado pelas lentes da infância, da ludicidade e das memórias afetivas. Aqui, o cinema se torna espaço de brincadeira, sonho e invenção. São filmes que convidam a ver o mundo com olhos curiosos, a celebrar a liberdade de imaginar e de existir em plenitude.
Por fim, a sessão do dia 27/11 se ancora no presente, na luta cotidiana, nas vozes que se erguem, nas mulheres que movem o mundo e nos corpos que resistem. São obras que denunciam, afirmam e reivindicam, reafirmando o cinema como território político, sensível e vivo.
Entre o passado, o presente e o futuro, a Mostra Cinema Negro Catarinense propõe um gesto de continuidade: reconhecer a história, sonhar novos caminhos e afirmar, no agora, a força e a beleza do povo negro que constrói este estado e este país.
Cinema Não se aplica